Passo em frente do hotel, agora turismo de habitação, onde, numa das janelas, um casal de timbre nórdico se abraça, esperando provavelmente que o poente e a nostalgia que se reflectem nas rochas do lado de lá do mar - amálgamas amarelas, ocre, cinzentas - nunca sejam a cor da sua relação.
Depara-se-me, então, um panorama fascinante: um pequeno cais, certamente cenário de contrabandos, corsários e piratas, um fortim (em ruínas, mas fortim na mesma), implantado numa extremidade da ilha, onde os xistos assumiram uma posição quase vertical.
Para lá, a Ilha das Pombas, desabitada e nua, inocente e virginal. Que força, que energia, que fenómeno divino, terá pegado no Baleal e, com a fúria do colosso, o largado novamente no mar, ficando a inclinação oblíqua como prova da vontade inquebrantável e omnisciente dos deuses.