A CAPELA DE SANTO ESTEVÃO
O meu caminho leva-me à praia dos barcos, pequeno enclave de areia flanqueado pelas rochas, fiéis guardiãs do mar e das ondas, dos peixes e das algas. A água chega, de mansinho, e retira-se com igual discrição. Talvez porque sobre a praia, vigilante, está a capela de Santo Estevão, que guarda os segredos de um forno de pão comunitário, único no País, e de uma história de um escravo, de um sultão e de uma imagem de Nossa Senhora que, milagre!, flutuou no ar e devolveu ao cristão a liberdade, porque o mouro, apesar de inimigo, era digno e cumpridor das suas promessas. Lendas, dizem, e certamente terão razão, mas são memórias que contribuem para caldear e relativizar ainda mais a nossa existência terrena.