A COMPANHIA JESUS EM PORTUGAL
A vinda dos jesuítas para Portugal deve-se à iniciativa de D. João III a quem o Doutor Diogo de Gouveia, responsável pelo Colégio de Santa Bárbara em Paris, indicara a existência de um novo grupo de clérigos que considerava "aptos para converter toda a Índia". Santo Inácio de Loiola acedeu ao convite do rei português e enviou para Portugal, em 1540, dois dos seus primeiros companheiros: o navarro Francisco Xavier e o português Simão Rodrigues. O primeiro partiu no ano seguinte para a Índia, enquanto o segundo ficou na Europa, lançando as bases da Província de Portugal, erecta como primeira província de toda a Ordem em 1546.
Graças a numerosos benfeitores, com destaque para a família real, o crescimento da Companhia de Jesus em Portugal foi extraordinariamente rápido e em 1542 foi fundado o Colégio de Jesus, em Coimbra, para formação dos membros mais novos da Ordem. Seguiu-se-lhe, em 1551, em Évora, o Colégio do Espírito Santo e, em 1553, a casa professa de S. Roque, centro das actividades apostólicas na capital. O primeiro colégio em que os jesuítas deram aulas públicas foi o de Santo Antão, em Lisboa, inaugurado em 1553. Em 1559, foi fundada a Universidade de Évora e, progressivamente, a actividade pedagógica dos jesuítas foi-se estendendo às principais cidades do País. A par da abertura de novas casas, o número de jesuítas em Portugal foi quase sempre aumentando.
Os jesuítas portugueses foram educadores, confessores e pregadores dos reis e da corte mas dedicaram-se com igual entusiasmo a um vasto leque de outras tarefas. A comprová-lo está o apelativo de "apóstolos" que desde cedo mereceram pela dedicação ao ensino do catecismo e pela abnegação com que se entregaram aos ministérios sacerdotais e a obras caritativas. Ocupavam-se dos encarcerados, visitavam os hospitais, assistiam os condenados à morte e, indiferentes aos perigos, excediam-se em generosidade por ocasião de epidemias e calamidades.
No campo da educação, chegaram a dirigir 30 estabelecimentos de ensino que formavam a única rede escolar orgânica e estável do País. O ensino era gratuito e aberto a todas as classes sociais porque a Companhia só aceitava iniciar uma nova escola quando existisse uma dotação ou fundação que assegurasse os meios necessários para o seu funcionamento. Em meados do século XVIII, o número total de alunos rondava os 20.000, numa população de 3.000.000 de habitantes!